quinta-feira, maio 03, 2007

São quase sete da manhã, e ainda não me deitei

Logo, achei por bem clarificar umas coisas. Consta que a pequena "ch"aga a que chamo Adventures in Darkran se encontra algo crivada de clichés, o que não me agrada. Assim que me der na gana, acrescentar-lhe-ei um pequeno prólogo que lhe retirará todo e qualquer vestígio dessa maleita de muita obra literária.

Contudo, porém e no entanto, não é essa a razão da minha vinda aqui. A minha vinda aqui deprende-se com a intenção da minha parte de transcrever o prefácio/capítulo zero do romance que ando de momento a ler no trajecto faculdade-casa e vice-versa, O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde. Creio, na minha não-muito-modesta crença, que se trata de uma magnífica introdução a uma obra que, apesar de ainda só me ter embrenhado até ao respectivo terceiro capítulo, se mostra como merecedora da reputação de "pseudo-"clássico que lhe tenho ideia de ser atribuída.

Mas com mais palavras minhas não aviltarei este post. Fiquem com Oscar Wilde e O Retrato de Dorian Gray:

"O artista é o criador de coisas belas.

O objectivo da arte é revelar a arte e ocultar o artista.

O crítico é aquele que sabe traduzir de outro modo ou para um novo material a sua impressão das coisas belas.

A mais elevada, tal como a mais rasteira, forma de crítica é um modo de autobiografia.

Os que encontram significações torpes nas coisas belas são corruptos sem sedução, o que é um defeito.

Os que encontram significações belas nas coisas belas são os cultos. Para esses há esperança.

Eleitos são aqueles para quem as coisas belas apenas significam Beleza.

Um livro moral ou imoral é coisa que não existe. Os livros são bem escritos, ou mal escritos. E é tudo.

A aversão do século XIX pelo Realismo é a fúria de Caliban ao ver a sua cara no espelho.

A aversão do século XIX pelo Romantismo é a raiva de Caliban por não ver a sua cara ao espelho.

A vida moral do homem faz parte dos temas tratados pelo artista, mas a moralidade da arte consiste no uso perfeito de um meio imperfeito. Nenhum artista quer demonstrar coisa alguma. Até as verdades podem ser demonstradas.

Nenhum artista tem simpatias éticas. Uma simpatia ética num artista é um maneirismo de estilo imperdoável.

Um artista nunca é mórbido. O artista pode exprimir tudo.

O pensamento e a linguagem são para o artista instrumentos de arte.

O vício e a virtude são para o artista matérias de arte.

Sob o ponto de vista da forma, a arte do músico é o modelo de todas as artes. Sob o ponto de vista do sentimento, é a profissão de actor o modelo.

Toda a arte é, ao mesmo tempo, superfície e símbolo. Os que penetram para além da superfície, fazem-no a expensas suas. Os que lêem o símbolo, fazem-no a expensas suas.

O que a arte realmente espelha é o espectador, não a vida.

A diversidade de opiniões sobre uma obra de arte revela que a obrea é nova, complexa e vital.

Quanto os críticos divergem, o artista está em consonância consigo mesmo.

Podemos perdoar a um homem que faça alguma coisa útil, contanto que a não admire. A única justificação para uma coisa inútil é que elea seja profundamente admirada.

Toda a arte é completamente inútil."

E é tudo. Acho que está um bom algomerado de linhas de cuja autoria não me posso vangloriar, infelizmente.

Oh, well... talvez um dia haja outro imbecil a repetir o que eu optei por fazer agora.

Sem comentários: