quinta-feira, abril 12, 2012

On friends and friendships

Eu não sou um indivíduo sociável. Não gosto de multidões, de festas cheias de gente, etc. Caso seja possível escolher, prefiro uma situação onde esteja ou sozinho ou em companhia de pouca gente. Gente essa que fará, preferencialmente, parte do meu vasto e gigantesco círculo de amigos. Hence the vidya.

E digo "vasto e gigantesco" como sinónimo pouco utilizado de "pequenote".

Como consequência directa, não sou disponho de uma panóplia de amizades. Tenho, no máximo, uma pequena dispensa de amizades. O que, tendo em conta a minha personalidade, não é um problema de todo.

Problema é coisa que, no entanto, existe. E é disso que pretendo falar aqui, neste auditório sem espectadores. Fica o seguinte aviso: este é um tema cuja manipulação em palavra escrita/falada não é praticada. Sempre que é tratado, é-o apenas e somente em cabecês. Traduzir cabecês para português é uma tarefa que nem sempre cumpro de forma capaz.

Uma relação interpessoal, para que continue a existir, exige interacção de ambas as partes. Caso contrário, vai-se deteriorando.

O tom saudoso das conversas de outrora dá o lugar a diálogos menos cordiais que, por sua vez, são eventualmente substituídos por uma troca de palavras (frequentemente, nada mais do que cumprimentos e conversa de elevador) sem grande sentimento por trás.

Eventualmente, passa-se à fase "passámos bons momentos, é pena já não falaramos", caracterizada por ver a pessoa ocasionalmente na rua/numa rede social/outra situação, sem haver grande vontade exibida por ambas as partes de mudar o rumo da relação. Depois disso, vem a despromoção completa para o regimento dos conhecidos.

Este post tem como objectivo descrever a forma como o processo (mal) caracterizado acima se aplica à minha pessoa.




Outrora interagi animadamente com gente que hoje não passam de um nome e uma feição na minha memória. Se os amigos amigos (abaixo dos "bons amigos" na hierarquia de estima, portanto) acabam por ser uma baixa das mudanças típicas da vida (escola/casa/emprego novos, etc), os bons amigos deixam alguma lástima com o seu desvanecimento.

Os ditos apagamentos não foram devidamente notados até me ter deparado nova e recentemente, numa deambulação cabeceira, com os casos Sol e Lua. Sol e Lua porque não vejo necessidade em indicar os nomes dos seres humanos em causa. Falarei de Sol e Lua separadamente, visto serem casos separados por alguns anos.

Sol sempre foi uma pessoa viva (hurr), animada, altamente sociável (a meu ver), e autora de um "Oláaaaaaa!" magnífico. É assim que me lembro dela, e não possuo razões para que a memória mude. É certo que as interacções mais prolongadas que tive com a Sol foram ou festas de aniversário ou conversas online via MSN, ambas durante a minha passagem pelo ensino secundário. Era ainda fã confessa de praia (e suponho que ainda seja), daí o nome Sol.

Conheci Sol através de um amigo comum. Um amigo que conto como tal há mais ou menos 21 anos. Yay, achievement unlocked, hurr durr.

Recordo-me de falar com Sol sobre questões que a angustiavam no plano emocional, de sombras e marotices e de um dia me ter dito que, quando arranjasse namorada, seria o namoro mais bonito de sempre (!). Aparentemente, a minha personalidade tornava-me capaz de dedicação capaz de provocar felicidade amorosa consideravelmente alta num outro ser humano. Sou capaz de ter um arquivo disso algures no PC, mas é precisão desnecessária.

Quando se passou ao ensino universitário, foi, essencialmente, cada um para seu lado. Ainda houve um ou dois convites para jantares de aniversário de pelo menos uma das partes, mas foi sol de pouca dura (badum tsshh). Hoje em dia, tenho Sol como amiga no facebook, mas não passa disso.

Sei que terminou o curso, que estagiou e não gosta do senhor que manda na agregação de profissionais creditados do sector onde trabalha. Sei que ainda é benfiquista convicta. Mas só sei isso, porque não falamos um com o outro há anos. E foi assim que o Sol se pôs (stiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiirriiiiiiiiike twooooooooooo).

Depois do Sol, veio a Lua.

Lua era uma pessoa mais taciturna e contida, leitora ávida de fantasia, geek orgulhosa e ainda colega de curso. Era com ela e mais uma meia dúzia de amigos que confraternizava durante os tempos livres. Foi ela que me apresentou bandas como Xandria e Dionysus, e ainda ajudou a expandir os meus conhecimentos de Sonata Arctica para além do 8º Mandamento, do Quero Sair, e da Lua Cheia. Foi através dela que tive a minha primeira experiência D&D (hurr, innuendo), de V:TES e Pirates of the Barbary Coast (estes mais indirectamente) e foi parte essencial na geração do seguinte comentário indignado por parte de uma professora de aulas teóricas de Análise Matemática II: "Ó Kromgar, então o senhor ou está a dormir ou a falar com a colega do lado!?".

Não sei se foi na aula em que o dito comentário foi proferido que passámos boa parte numa competição lexical para determinar quem é que conseguia, à vez, ser o último a dizer nomes de vegetais. É possível.

Confesso que não sei se a nossa ida conjunta a uma peça de teatro na qual participava uma amiga dela ("Much ado about nothing", se a memória não engana) contou como date/encontro ou não. Na altura não considerei sequer a hipótese, mas como praticante devoto de cabecês que sou, é possibilidade que já me ocorreu meia dúzia de vezes. Recordo-me com pouca certeza de ela ter dito que as outras pessoas que iriam a teriam avisado da impossibilidade de também comparecer. Ou seja, fomos os dois. Yeah. Mas foi um dia bem passado, até porque houve jantar de anos da minha pessoa à noite.

A Lua era também autora de um cumprimento fantástico. Um "Bom dia!" que sempre serviu para animar as manhãs mais ou menos sonolentas passadas maioritariamente em laboratórios da torre de biológica do Instituto Superior Técnico.

A Lua pôs-se, creio eu, com um comentário mais impróprio da minha parte e/ou a partilha do álbum Unia dos Sonata Arctica. Parece que nenhum dos dois caiu muito bem e houve um desfasamento completo depois disso. Actualmente, sigo-a no Twitter. That's it.

Tenho algumas saudades da Sol, e muito mais da Lua. Sei muito mais de roleplaying do que sabia na altura e tornei-me um grande fã de jogos de tabuleiro (para além dos mais conhecidos, i.e., monopólio, risco, cluedo, xadrez, etc) e fortaleci muito a minha geekice. Acho que teria mais temas a discutir com ela hoje em dia do que tinha na altura (em que era primariamente vidya e hearsay de gaming mais tabletop).

A grande razão para este post é uma preocupação deprimente da minha parte de que esteja a acontecer o mesmo com outra pessoa por quem possuo uma imensa estima, uma quantidade inestimável de apreço e com quem tenho enorme gosto em conviver. Gosto de ouvir as histórias que ela tem sempre para contar, adoro a forma animada como fala e sempre falou comigo e tenho vindo a reparar que tenho tido cada vez menos coisas a contribuir para a relação que temos há uns bons 6-8 anos.

Se consigo falar de HoN, de boardgames, do pouco que sei de programação com as pessoas com quem costumo jogar on e offline, não são temas que ache serem-lhe interessantes. Tenho as minhas dúvidas que ela queira ouvir as razões pelas quais acho que fazer Nome's Wisdom no Pyromancer é uma decisão acertada, ou de tácticas "avançadas" de Spy no Team Fortress 2 ("avançadas" porque não sou minimamente comparável ao stabbystabby, que faz coisas que eu mal consigo tentar, muito menos fazer correctamente).

Não quero que ela acabe no plano estelar com a Sol e a Lua, mas sinto-me um tanto impotente para tentar colmatar isso.

Tal como o Thorim diz: "FAILURES! WEAKLINGS!". E eu nem plural sou. iSad.

Falta o post sobre infatuação. Esse deve ser giro.

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