terça-feira, maio 29, 2007

Intermission - o regresso

(Desde dia 15 de Maio que tenho 20 anos de idade. Hooray for me, maself 'nd I, mon!)

Ando com um pequeno turbilhão de ideias na cabeça que insistem em não ser encarnadas em palavras, frases e toda uma série de sinais de pontuação. A ideia de, em vez de uma qualquer saga épica, rara e lendária, narrar umas curtas "textagens" é algo que nunca me ocorreu mais que ocasional, arritmica e espontaneamente.

Mas, por mais incomum que fosse da minha parte pensar nisso por estímulo criativo próprio, desde que foi feita a sugestão por um dos membros do "corpo leitor do Invisible Monster (também conhecido como "Gente aborrecida com tempo livre a mais nas mãos")", que a coisa me tem andado cravada na mente. Contudo, e no entanto, sempre que a coisa tenta ir além da sinapse, a tinta borra tudo e aquilo fica embaraçosamente semelhante a uma violenta desilusão da minha parte. Logo, lá fica a mancha de desonra e a coisa volta a viajar pela central eléctrica condenada a um funcionamento irregular e repelente a que chamo cérebro.

Talvez um dia consiga ir além do segundizonte... o minutizonte já seria muito bom... o horizonte já é quimera (e daquelas bem grandes e ferozes), logo não vale a pena sequer considerá-lo como hipótese.

Não mudando muito de assunto, deixo umas lyrics de uma música bastante boa dos não-piores Machinae Supremacy, que poderá ser descarregada do site oficial dos senhores em questão. As lyrics em causa descrevem relativamente bem a minha situação actual, e poderão satisfazer qualquer curiosidade voyeuresca com a sua leitura e, se ainda houver alguma réstia de dignidade e sanidade, audição.

Machinae Supremacy - Arcade
I've been around, I've been a player
I've seen the world
through the eyes of a slayer
So many lives, so many places
I have been since the first time I tasted

true dreams of fiction
pure rush and adrenal addiction
but now I fear
that the magic was killed by corruption

I wanna feel like that again
I wanna be a hero all over again
You're on my side or in my way
I'll blast you all to nothing anyway

Another day, another trial
another month of this endless denial
cause now I sense

I wanna be unbound by science
one world, under me
somewhere undirected and free
one place, unseen
uncorrupted creativity

I wanna feel like that again
I wanna be a hero all over again
You're on my side or in my way
I'll blast you all to kingdom come

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Kromgar out.

quinta-feira, maio 03, 2007

São quase sete da manhã, e ainda não me deitei

Logo, achei por bem clarificar umas coisas. Consta que a pequena "ch"aga a que chamo Adventures in Darkran se encontra algo crivada de clichés, o que não me agrada. Assim que me der na gana, acrescentar-lhe-ei um pequeno prólogo que lhe retirará todo e qualquer vestígio dessa maleita de muita obra literária.

Contudo, porém e no entanto, não é essa a razão da minha vinda aqui. A minha vinda aqui deprende-se com a intenção da minha parte de transcrever o prefácio/capítulo zero do romance que ando de momento a ler no trajecto faculdade-casa e vice-versa, O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde. Creio, na minha não-muito-modesta crença, que se trata de uma magnífica introdução a uma obra que, apesar de ainda só me ter embrenhado até ao respectivo terceiro capítulo, se mostra como merecedora da reputação de "pseudo-"clássico que lhe tenho ideia de ser atribuída.

Mas com mais palavras minhas não aviltarei este post. Fiquem com Oscar Wilde e O Retrato de Dorian Gray:

"O artista é o criador de coisas belas.

O objectivo da arte é revelar a arte e ocultar o artista.

O crítico é aquele que sabe traduzir de outro modo ou para um novo material a sua impressão das coisas belas.

A mais elevada, tal como a mais rasteira, forma de crítica é um modo de autobiografia.

Os que encontram significações torpes nas coisas belas são corruptos sem sedução, o que é um defeito.

Os que encontram significações belas nas coisas belas são os cultos. Para esses há esperança.

Eleitos são aqueles para quem as coisas belas apenas significam Beleza.

Um livro moral ou imoral é coisa que não existe. Os livros são bem escritos, ou mal escritos. E é tudo.

A aversão do século XIX pelo Realismo é a fúria de Caliban ao ver a sua cara no espelho.

A aversão do século XIX pelo Romantismo é a raiva de Caliban por não ver a sua cara ao espelho.

A vida moral do homem faz parte dos temas tratados pelo artista, mas a moralidade da arte consiste no uso perfeito de um meio imperfeito. Nenhum artista quer demonstrar coisa alguma. Até as verdades podem ser demonstradas.

Nenhum artista tem simpatias éticas. Uma simpatia ética num artista é um maneirismo de estilo imperdoável.

Um artista nunca é mórbido. O artista pode exprimir tudo.

O pensamento e a linguagem são para o artista instrumentos de arte.

O vício e a virtude são para o artista matérias de arte.

Sob o ponto de vista da forma, a arte do músico é o modelo de todas as artes. Sob o ponto de vista do sentimento, é a profissão de actor o modelo.

Toda a arte é, ao mesmo tempo, superfície e símbolo. Os que penetram para além da superfície, fazem-no a expensas suas. Os que lêem o símbolo, fazem-no a expensas suas.

O que a arte realmente espelha é o espectador, não a vida.

A diversidade de opiniões sobre uma obra de arte revela que a obrea é nova, complexa e vital.

Quanto os críticos divergem, o artista está em consonância consigo mesmo.

Podemos perdoar a um homem que faça alguma coisa útil, contanto que a não admire. A única justificação para uma coisa inútil é que elea seja profundamente admirada.

Toda a arte é completamente inútil."

E é tudo. Acho que está um bom algomerado de linhas de cuja autoria não me posso vangloriar, infelizmente.

Oh, well... talvez um dia haja outro imbecil a repetir o que eu optei por fazer agora.